Análise (Review) de Dark Sector
Análises completas
Published on 15/04/2023
FICHA DO JOGO
Lançamento: 25 de março de 2008 (consoles)
Jogadores: 1 jogador (campanha); 10 jogadores (online)
Gêneros: shooter em terceira pessoa
Desenvolvedora: Digital Extremes
Editoras: D3 Publisher (X360/PS3), Aspyr (PC)
Idioma disponível (dublagem): inglês (americano), francês, italiano, russo, espanhol.
Idiomas disponíveis (legendas): inglês, francês, alemão, húngaro, italiano, polonês, russo, eslovaco, espanhol.
Plataformas: Xbox 360, PlayStation 3, Personal Computer
Classificação indicativa: M (Mature 17+)

Versão do jogo analisada: edição americana, jogada no Xbox 360.

 

Desenvolvido pelo estúdio Digital Extremes, conhecido por seu envolvimento na concepção de Unreal Tournament The Darkness II, e publicado pela 2K GamesDark Sector (estilizado como darkSector) é um jogo de tiro em terceira pessoa com mecânicas de cover, que fora muito comparado a Gears of War e Resident Evil 4 em termos de mecânicas empregadas e storytelling. Seu anúncio foi feito em fevereiro de 2000 no site do estúdio, e lançado apenas 8 anos mais tarde, para uma recepção mista.

O jogo está disponível exclusivamente em formato físico para PS3 X360, mas pode ser adquirido digitalmente na Steam, para PC. Uma continuação do título foi considerada, mas o desenvolvedor optou por inspirar-se no conceito para criar Warframe. Neste artigo estaremos analisando apenas a versão de X360.

Enredo

O jogo começa com Hayden, um agente das forças especiais americanas, enviado para um complexo militar na fictícia nação soviética de Lasria. Ele tenta desistir de sua missão antes que ela comece, mas seu superior, comunicando-se por rádio, diz que ele “passou do ponto sem volta”. Hayden acaba com toda a resistência inimiga e se vê cara a cara com seu alvo, um colega agente chamado Viktor, amarrado a uma cadeira. Viktor tem a impressão de que Hayden está aqui para resgatá-lo. Ele até lhe dá informações para ajudá-lo em seu caminho. Hayden rapidamente coloca uma bala em seu crânio. Após informar que cumpriu sua missão, seu superior decide mandá-lo atrás de Mezner, o homem responsável pela infecção Technocyte que assola o país de Lasria.

 

 

Mecânicas e jogabilidade

Em termos de gameplay, Dark Sector se inspira em vários títulos similares, como Resident Evil 4 (movimentação do personagem e ângulo de câmera), Gears of War (empregação de cover) e Dead Space (atmosfera), dando ênfase a uma espada bumerangue chamada “Glaive” (gládio), que pode ser arremessada para dilacerar seus oponentes e recebe melhorias no decorrer do jogo, como controlá-la em tempo real, causar explosão em área e resolver puzzles.

É claro, podemos fazer uso de armas de fogo convencionais, embora não sejam muitas, como pistolas, shotguns e rifles automáticos. Por algum motivo, o protagonista pode portar armas derrubadas pelos inimigos, mas estas se auto-destroem de acordo com um contador invisível. Armas adquiridas através do mercado negro, acessível por tampas de bueiros, se mantêm em posse do personagem por tempo indeterminado, e o motivo dessa mecânica não é muito claro.

Embora a “Glaive” supostamente seja a arma principal do jogo, não me vi utilizando-a por muito tempo no decorrer do meu gameplay. Isso porque não é muito acessível utilizá-la, demora para carregar e, honestamente, causa pouco dano. Em alguns momentos, onde me encontrei com pouca (ou nula) munição, fui obrigado a utilizá-la, mas tive preferência pelas armas que fui adquirindo ao longo do jogo.

Há como encontrar upgrades para armas, munição e dinheiro espalhados pelo cenário e, por conta de seus locais de spawn serem predeterminados, não é possível farmar quaisquer itens. Dinheiro é a possessão mais importante do jogo, para adquirir armas permanentes, e é muito escasso, sendo necessário vender upgrades para armas e outro itens, como granadas, para acumular fortuna.

Como é um título mais “old school”, darkSector não conta com um sistema de “GPS” que nos mostra para onde ir a fim de completar o próximo objetivo, e os itens coletáveis recebem pouco destaque no cenário dos não-coletáveis, e por isso muitas vezes acabei passando despercebidamente por um item importante, como dinheiro ou munição, ou fiquei empacado em uma determinada parte do jogo por conta de não saber o que fazer ou para onde ir, visto que o jogo não deixa isso óbvio.

 

 

Gráficos

Visualmente, darkSector não faz feio, mas poderia ser melhor. Em ambientes fechados, o sistema de iluminação é excelente, e as partículas e efeitos agradam até aos olhares mais críticos. Quando partimos para ambientes mais abertos, a situação é bem diferente. A resolução das texturas cai notoriamente, há muitos slowdowns e travamentos em meio aos tiroteios, além do clássico screen-tearing. Honestamente, nada que degrade muito a experiência do jogador, mas é válido notar que não se trata de um port perfeito. No Xbox 360, em raros momentos é possível notar que o jogo é reproduzido a sessenta quadros por segundo, ou algo muito próximo disso, devido à fluidez, que ocorre de forma efêmera.

Os objetos que enfeitam o cenário não apresentam uma contagem alta de polígonos, mas em nenhum momento nos sentimos jogando um título da geração anterior a esta. O que deixou muito a desejar foi a variedade de inimigos. O jogo, na maior parte, consiste em avançar para uma determinada parte de cidade, derrotar uma alta quantidade de inimigos, e prosseguir, geralmente enfrentando um conjunto de inimigos exatamente iguais, e genéricos. As animações dos inimigos também têm muita margem para melhoria, nitidamente compostas por poucos quadros, entregando um resultado nada suave aos olhos.

 

 

Som

A trilha-sonora do jogo não é um aspecto particularmente digno de nota, mas cumpre seu papel. Em alguns momentos, onde o protagonista se encontra isolado, em ambientes mais escuros, é possível sentir a tensão se acumulando, e isso devido aos efeitos sonoros presentes no jogo. Infelizmente, como os inimigos são visualmente genéricos, tanto em termos de aparência quanto animações, as expectativas são logo quebradas.

Nenhuma música ou efeito sonoro me impactou de forma memorável, mas se faz presente de forma a complementar o todo. Algo que pode incomodar em vários momentos é o nivelamento dos sons reproduzidos ao longo do jogo: o que deveria soar alto (próximo) soa baixo, e vice-versa. Por vezes, você se assusta com o repentino acréscimo no volume, que pode não ser muito conveniente dependendo da hora em que está jogando.

 

 

Diversão

Apesar de seguir uma fórmula pronta e estabelecida por outros jogos, além da arma primária ser inútil em 90% do jogo, darkSector é, de certa forma, divertido. A estória do jogo serve de contexto para as mecânicas empregadas, e nada mais, visto que as cutscenes são escassas.

Na metade do jogo, parece que os desenvolvedores se esgotaram completamente de criatividade, nos forçando a enfrentar inimigos genéricos por um longo período, sem cutscenes, boss fights ou qualquer explicação, até chegarmos ao local onde está um personagem que precisamos resgatar.

No meu primeiro playthrough, finalizei o jogo em 9 horas, e isso porque morri e me encontrei sem saber para onde ir diversas vezes. 9 horas para um jogo que, provavelmente, custava 60 dólares, não é razoável. Ao menos, próximo ao lançamento, havia o modo multi-player povoado por jogadores, o que justifica parcialmente a aquisição.

 

 

Problemas e bugs

O jogo entrega um desempenho bem aquém de seus visuais em diversos segmentos, principalmente em áreas abertas com muitos inimigos. Como fora anunciado em fevereiro de 2000, é de se presumir que foi desenvolvido com hardware do Xbox original em mente, assim como PC, eventualmente transferindo o progresso feito para o Xbox 360.

Em raríssimos momentos, é possível notar uma certa fluidez, como se estivesse sendo executado a sessenta quadros por segundo, mas esses momentos são muito esparsos e entesourados, quando ocorrem. Nada disso nos impede de finalizar o jogo de forma alguma, entretanto.

O que certamente pode comprometer a experiência do jogador são os comandos: ao tentar rolar para esquivar de ataques, o protagonista na maior parte das vezes se escora numa parte, pois os botões são o mesmo. Além disso, ao tentar chutar uma caixa no chão, o protagonista tenta socar o ar em 75% das ocasiões.

 

 

Extras

Pegando carona no “boom” dos jogos multi-player, o título conta com um modo online, que é até necessário para desbloquear certas conquistas. Por se tratar de um jogo lançado em 2008, os lobbies estão desertos e você não encontrará partidas.

É válido mencionar que, embora não seja possível jogar darkSector com outras pessoas (hoje), o jogo levou ao desenvolvimento de Warframe, que faz muitas referências diretas e indiretas [1] – além de compartilhar conteúdo reciclado – cujo principal aspecto é o multi-player online.

 

 

Conclusão

Dark Sector é um shooter de câmera em terceira pessoa competente, mas que não traz novidades para o gênero. Sua contra-capa enfatiza o potencial de tornar-se a “arma definitiva”, desencadeando o poder da “glaive”, que opera como uma espécie de bumerangue. Embora um jogo razoável, é extremamente curto e repetitivo, sem uma estória, trilha-sonora ou outros elementos memoráveis.

Se você gosta de jogos com movimentação “tank” como Resident Evil 4 e Dead SpaceDark Sector, embora longe de ser um must-have como os demais, pode ser adquirido por módicos R$ 16,99 na Steam e terminado em um único final de semana. Provavelmente não vai lhe render memórias duradouras, mas é um título que cumpre o que se propõe a fazer: entreter o jogador, embora não por muitas horas.

Pontos negativos

  • Storytelling medíocre, que faz com que você esqueça que o jogo tem uma estória;
  • Arma primária (Glaive) mal aproveitada e desnecessária;
  • Sistema de upgrades limitado e punitivo, com itens coletáveis mal distribuídos;
  • Inimigos (monstros) de aparência e animações genéricas;
  • Objetivos pouco variados e repetitivos, embora o título possua curta duração.

Pontos positivos

  • Emprega um sistema de combate/mira em terceira pessoa inspirado e divertido;
  • Gráficos bonitos para a época de lançamento, com destaque para iluminação e partículas;
  • Embora deslocada em um jogo repleto de ação frenética, a trilha-sonora consegue instilar tensão;
  • Poucos problemas técnicos (bugs) que possam impedir o jogador de avançar;
  • Ambientação e atmosfera dignos de um título de terror, com ótimo acabamento.

Avaliação:

Gráficos: 8.0

Diversão: 7.5

Jogabilidade: 7.5

Som: 8.0

Performance e otimização: 6.0

Nota final: 7.4 / 10

 

Jogo analisado em abril de 2023, reproduzido no Xbox 360.

 
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