Análise (Review) de Ape Escape 2
Análises completas
Published on 06/04/2023
FICHA DO JOGO
Lançamento: 14 de março de 2003 (Europa)
Jogadores: um jogador (campanha); até dois jogadores (mini-games)
Gênero: plataforma
Desenvolvedora: Japan Studio
Editora: Sony Computer Entertainment
Idiomas disponíveis: inglês americano e britânico, japonês (dublagem e texto)
Plataformas: PlayStation 2; PlayStation 4 (retrocompatibilidade)
Classificação indicativa: L (Livre)

Versão do jogo analisada: versão europeia, jogada no PlayStation 4.

 

Ape Escape 2 é o segundo título da franquia Ape Escape, e continuação direta do jogo de mesmo nome lançado originalmente para PlayStation, em 1999. O jogo foi desenvolvido pela Japan Studio, uma desenvolvedora first-party que a Sony, lamentavelmente, dissolveu em abril de 2021.

Um port foi concebido para PlayStation 4, em formato exclusivamente digital, na PlayStation Store, em 2 de agosto de 2016, com suporte a troféus e gráficos remasterizados para visualização em resolução Full HD. Curiosamente, a edição disponível na PlayStation Store de todos os países ocidentais aparenta ser a europeia, até mesmo nos Estados Unidos, a julgar por certos nomes de personagens e mini-games empregados. Por conta de ser um port, pode não ser reproduzido da mesma forma que o original.

A versão aprimorada pode ser adquirida pelo preço base de R$ 30,90 na loja digital da plataforma.

Enredo

O jogo ocorre após os eventos de Ape Escape (1999), com os planos de dominância global de Specter arruinados por Spike. Algum tempo depois, o Professor saiu de férias deixando sua neta, Natsumi, e o primo de Spike, Hikaru, a cuidar do laboratório. Ele partiu mas atribuiu a eles uma tarefa: entregar uma pilha de calças de macaco para os macacos no Parque dos Macacos.

Hikaru envia por acidente não apenas as calças de macaco, mas também alguns capacetes, consequentemente destruindo o laboratório. Specter consegue pôr as suas mãos em um e, novamente, forma um exército de macacos empenhados em dominar o mundo. Sob as ordens de Natsumi, Hikaru deve capturar todos os macacos e parar Specter. No entanto, Specter entregou a cinco macacos, os Freaky Monkey Five, com Bananas Vita-Z, que os tornaram mais fortes e inteligentes do que os macacos comuns.

 

 

Mecânicas e jogabilidade (parte 1)

O título conta com um conceito simples, porém funcional e divertido. O jogador, a partir do Laboratório do Professor, que funciona como um hub do jogo, oferece algumas opções: 

  • Warp Pad, que teleporta o personagem a vários cenários variados onde estão os macacos que ainda devem ser capturados. Os cenários vão desde ambientes ordinários, florestas pré-históricas à lua, onde está situada a base do vilão principal; 
  • Data Desk, onde o jogo pode ser salvo ou carregado; 
  • Gadget Trainer, onde você pode testar a funcionalidade dos diversos dispositivos que vão sendo liberados ao progredir no jogo; 
  • Gotcha Box, onde você pode gastar as moedas que ganha perambulando pelos estágios (uma vez que elas não possuem outra utilidade) e receber diversos colecionáveis aleatórios; 
  • Entertainment Centre, que permite acessar e revisitar conteúdo desbloqueado pelo recurso anterior, que seriam as “Monkey Novels” (paródias de contos reais, como Os Três Porquinhos, mas envolvendo macacos), skins para o carrinho de controle remoto, coleção de mangás, “Monkepaedia” (que lista os perfis de cada um dos macacos capturados), álbuns de fotos secretas e de inimigos, coleção de arte (conceitual), Junkbox (para ouvir a trilha-sonora) e o Movie Theater, que aglomera todas as cutscenes do jogo;
  • Mini Game Corner, onde o jogador pode iniciar uma sessão em um dos três mini-games disponíveis.

 

 

Mecânicas e jogabilidade (parte 2)

O diferencial dos jogos da série Ape Escape é a jogabilidade, fundamentando-se no uso diferenciado dos botões analógicos, o que destacou o original na época de seu lançamento para PlayStation. Ao passo que o analógico esquerdo opera a movimentação do personagem, o direito é utilizado para manusear os diversos gadgets que são desbloqueados ao longo do jogo. Logo de início, temos os clássicos Stun Club (arma melee de atordoamento) e a Monkey Net, que aparentemente envia os macacos para outra dimensão, já que eles simplesmente somem (o próprio jogo faz piadas a respeito).

A câmera, ao invés de ser movimentada pelo analógico direito, é apontada para a frente do personagem ao pressionar L1 (como funciona em MediEvil). É uma mecânica estranha no começo, mas funcional e divertida uma vez que você estiver habituado a ela. No total, são treze gadgets, embora a maioria deles não seja muito útil, exceto por raras situações em que são obrigatórios, apenas concedendo maior variedade ao gameplay.

 

 

Gráficos

Em termos gráficos, o jogo é bem competente para a data e plataforma originais de lançamento, adotando um estilo cartunesco que não preza por realismo. Os ambientes são feitos com esmero e não há erros grotescos de posicionamento de objetos 3D ou similar. Os personagens também são decentemente modelados, embora a aparência deles in-game seja bem diferente das CGs, como a Natsumi, que muda de forma drástica.

Lamentavelmente, a versão emulada do jogo exibe uma imagem interlaçada, sendo possível notar as distorções na imagem ao movimentar o personagem, o que não ocorreria se forçado o uso de progressive scan. Nada muito crítico, mas de certa forma decepcionante, visto que emuladores não-oficiais (como PCSX2) conseguem trazer resultados melhores do que o emulador interno feito pela própria Sony para o console de oitava geração.

 

 

Som

A trilha-sonora do jogo não deixa a desejar, contendo um tema exclusivo para cada fase do jogo, respeitando e transmitindo a temática de cada ambiente de forma exótica e vibrante. A dublagem inglesa também não é ruim, embora seja preferível que o jogo nos ofereça a opção de escolher o idioma.

Vale ressaltar que o jogo (para PS2) possui três elencos de dublagem: uma para a versão original (em japonês), uma para a versão norte americana (em inglês americano) e outra para a versão europeia (em inglês britânico). Contudo, como a versão disponível para PlayStation 4, independentemente da região, é a europeia, a dublagem com a qual nos deparamos no jogo é a britânica, o que desagradou fãs do original nos Estados Unidos, que esperavam ser contemplados com a dublagem de seu próprio país, o que é compreensível.

Como mencionado anteriormente, você pode revisitar a trilha-sonora do jogo pela Jukebox, que pode ser acessada a partir do Entertainment Centre, dentro do Laboratório do Professor.

 

 

Diversão

Conforme o jogador desbloqueia novos gadgets ao avançar nos cenários, faz-se necessário revisitar um estágio concluído anteriormente, a fim de capturar os macacos que antes estavam inacessíveis. Desta forma, backtracking é um fator muito presente no jogo.

Por exemplo, o último gadget desbloqueado ao derrotar o chefe final, Power Punch, permite destruir objetos indestrutíveis (por outros gadgets), dentro dos quais estão escondidos os últimos macacos do jogo, que devem ser capturados para poder lutar contra o chefe final mais uma vez, o que leva ao final verdadeiro.

Embora leve-se um tempo para se acostumar com o funcionamento do analógico direito em Ape Escape 2, o jogo é extremamente divertido tanto na primeira visita aos cenários quanto nas reincidências.

O jogo dá muita ênfase aos macaquinhos, e cada um deles possui um nome próprio e atributos categorizados em Estado de alertaVelocidadeAgressão e Saciedade, fatores que influenciam o nível de dificuldade que você terá ao tentar capturá-los. Ao todo, são 300 macacos, cada um com um perfil próprio, que pode ser acessado tanto utilizando o gadget Monkey Radar no cenário quanto pelo Monkepaedia dentro do laboratório.

Alguns macacos são encontrados da forma que vieram ao mundo, ao passo que outros dispõem de um arsenal para auto-defesa mais perigoso do que o próprio jogador. Cada encontro com um macaco é uma experiência única e hilária.

 

 

Extras

O jogo contém três mini-games, acessados pelo Mini Game Corner, estes sendo:

Dance Monkey, Dance!: este mini-game pode ser jogado tanto a sós quanto em dois jogadores, e consiste em controlar um macaco que dança conforme o ritmo da música. O jogador deve completar as faixas de uma determinada trilha a fim de desbloquear novas músicas (faixas). Um júri de cinco macaquinhos julgará a sua performance com uma nota que vai de 0 a 50. A versão emulada, por algum motivo, é desprovida de duas setas que auxiliam o jogador a pressionar os botões no momento certo.

Monkey Football: mini-game de futebol com quatro macaquinhos em cada time. O analógico direito opera de forma similar à do protagonista da campanha. Cada macaco é atribuído a um botão (X, O etc), e a direção e força dos chutes é controlada pelo analógico direito. Os macacos disponíveis para formar um time são os mesmos que podem ser encontrados e capturados no mapa, cada um com seus próprios atributos que influenciam no desempenho em campo. É um mini-game divertido que agrega ao jogo principal, podendo ser jogado em até dois jogadores.

Monkey Climber: o jogador controla um macaco cujo objetivo é escalar e coletar cinco bananas antes que o tempo se esgote. O macaco sobe em cordas produzidas por abelhas-berinjela, e o único inimigo que pode atacar são pássaros-tomate.

 

 

Problemas e glitches

Por ter sido lançado em uma época em que os jogos precisavam passar por um rígido controle de qualidade (nada de Day One Patch maior do que o jogo) devido às limitações da plataforma, Ape Escape 2 naturalmente apresenta poucos bugs e glitches.

No entanto, um problema que me deixou um pouco frustrado e me fez perder algumas vidas foi a rampa que deveria impulsionar o jet-ski no estágio Snowball Mountain. Deveria, mas não o fez várias vezes, me forçando a ir de encontro com o fundo do precipício.

 

 

Conclusão

Ape Escape 2 é um jogo cuja estória não possui muitos altos e baixos, servindo apenas como contexto. Contudo, as mecânicas de gameplay incorporadas o tornam um jogo divertido e único. A franquia recebe destaque pela forma como funciona o analógico direito para manusear os diferentes apetrechos no decorrer do jogo (motivo pelo qual o remake do primeiro para PSP foi duramente criticado).

A atenção especial que deram a cada um dos inimigos, trilha-sonora e ambientação esbanja o esmero que os desenvolvedores tiveram com o jogo e desperta o interesse para começar a jogar os demais da franquia.

Pontos negativos

  • Ausência de seletor de dificuldade;
  • Remoção de recurso presente em mini-game na versão original;
  • Dublagem disponível apenas em inglês britânico.

Pontos positivos

  • Mecânicas de gameplay exóticas e divertidas;
  • Trilha-sonora original e engraçada;
  • Alto nível de atenção aos inimigos do jogo;
  • Valor de replay.

Avaliação:

Gráficos: 8.7
Diversão: 8.5
Jogabilidade: 9.0
Som: 8.5
Performance e otimização: 8.5

Nota final: 8.64 / 10.0

 

Jogo analisado em dezembro de 2022 com uma cópia digital obtida legalmente.

Esta análise não representa a péssima experiência oferecida pela reprodução do jogo no PS5 [1][2].

Este artigo é de minha autoria, mas foi publicado originalmente em 07/12/2022 no site Revolution Arena.

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